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4:57 PM
Empresas investem em viagens espaciais

São Paulo – Quando assumiu o cargo de diretor de missões científicas da Nasa, em abril de 2007, o astrofísico Alan Stern lidava com um orçamento de 16 bilhões de dólares e uma lista de projetos que desafiava o senso comum. Stern era o responsável pelos planos para alcançar Marte e Plutão, supervisionava a chegada da Voyager aos limites do sistema solar e os estudos para uma missão que enviaria homens até um asteroide, a milhões de quilômetros da Terra. Mas no ano passado sua trajetória mudou como se atraída por uma tendência que se espalha por toda a indústria aeroespacial. Stern resolveu abrir uma startup.

No dia 6 de dezembro, Alan Stern e sua equipe anunciaram os planos da Golden Spike Company. Se tudo sair como no cronograma, em cinco anos a empresa enviará sua primeira missão tripulada à Lua.

Os clientes serão governos interessados em missões científicas que utilizariam seu sistema de lançamento e pouso. "Somos uma empresa jovem”, disse Stern a INFO. "Mas já levantamos fundos para operar o negócio e montar a equipe. Em paralelo, estudamos o desenho do veículo. As reservas de missões começarão neste ano.” Stern diz que já existem clientes interessados em pagar 1,5 bilhão de dólares por voo.

Em janeiro, a Golden Spike anunciou um acordo com a Northrop Grumann para desenvolver o módulo de aterrisagem. Essa empresa americana projetou, nas décadas de 1960 e 1970, o veículo que desceu à superfície lunar durante o projeto Apollo, da Nasa.

O cientista Alan Stern, 55 anos, é o mais recente integrante de uma onda que invade o setor privado, cada vez mais interessado em tecnologias e negócios espaciais. Os objetivos são tão variados quanto minerar asteroides e transportar carga e alimento para a Estação Espacial Internacional, um laboratório na órbita terrestre mantido por diversos países. Aos poucos, empresas iniciantes no mundo espacial vão tomando parte do espaço ocupado pelas agências estatais, antes únicas protagonistas na exploração humana do sistema solar.

A iniciativa privada será essencial para reduzir custos e aumentar a segurança”, disse a INFO Jessica Ballard, porta-voz da Virgin Galactic, que planeja operar voos turísticos suborbitais ainda em 2013. Fundada pelo empresário britânico Richard Branson, 63 anos, a empresa criou uma nave para até seis passageiros e dois pilotos, a ser lançada de um avião maior. Cada passagem, com gravidade zero incluída no pacote, custará a partir de 200 mil dólares.

 

O veículo se chama SpaceShipTwo e já executou vários voos experimentais. Na lista de espera há passageiros famosos, como o casal Angelina Jolie e Brad Pitt, além do piloto Rubens Barrichello.

Atualmente o problema não é a tecnologia a ser usada, mas como obter os altos recursos financeiros para essas empreitadas. "As empresas que estão entrando agora no mercado tentam resolver esse problema”, disse Jason Crusan, diretor de sistemas avançados de exploração da Nasa, à publicação Technology Review. "Será interessante entender se eles têm um modelo viável de negócio.”

Os altos custos dos projetos não têm impedido empreendedores de entrar nessa corrida espacial. Enquanto trabalham na mesa de projetos, desenvolvendo modelos conceituais para as missões, esses aventureiros buscam investimentos para colocar seus sonhos nas alturas.

É o caso da White Label Space, que reúne cientistas na Europa e no Japão. Participantes do Lunar X Prize, prêmio do Google que dará 30 milhões de dólares para o primeiro time capaz de pousar um robô na Lua e enviar dados à Terra, eles concluíram o plano de viagem e criaram protótipos dos sistemas que devem operar a nave. Mas Andrew Barton, chefe da equipe europeia, reconhece que verba se tornou um problema sério. "Levantar dinheiro é nosso maior desafio”, diz Barton. "Patrocinadores e investidores acham a missão muito interessante, mas temos dificuldades para convencê-los a colocar o dinheiro.”

Como alternativa, os pesquisadores recorreram a uma plataforma de financiamento coletivo para a construção do veículo que rodará pela superfície lunar. Conseguiram 30 mil dólares, oferecendo aos apoiadores camisetas, kits de brinquedos e a oportunidade de pilotar o equipamento de teste.

No deserto de Mojave, nos Estados Unidos, a empresa Interorbital Systems trabalha para colocar no mercado foguetes de baixo custo que podem ajudar essa nova geração de empreendedores a reduzir seus gastos. Em outubro, eles realizaram o primeiro teste com os modelos Neptune. "Nossos dois primeiros voos serão realizados no fim de 2013”, diz a presidente da empresa, Randa Miliron. A Interorbital também vende kits de montagem de pequenos satélites para pessoas interessadas em realizar experimentos ou projetos educacionais. Eles custam 8 mil dólares, com o lançamento incluído. Cada foguete pode levar 24 satélites para órbita. Foram vendidas cerca de 40 unidades em 15 países.

 

Entre as grandes companhias, a SpaceX, do bilionário Elon Musk, 42 anos, fundador do PayPal e da Tesla Motors, tem se destacado pelo modelo comercial, que começa a dar certo. Em outubro de 2012, a empresa lançou uma nave de carga não tripulada para reabastecer a Estação Espacial Internacional que acoplou no dia 10. Foi o primeiro voo de um acordo de 1,6 bilhão de dólares feito com a Nasa para 12 missões.

Mas o projeto mais exótico nessa onda espacial é o da mineração de asteroides liderada pela americana Planetary Resources, apoiada por Eric Schmidt e Larry Page, do Google, e pelo cineasta James Cameron. A empresa quer ter uma frota capaz de identificar objetos com potencial para serem minerados, em busca de metais preciosos e água. "Já temos tecnologia para isso”, diz Louis Friedman, engenheiro aeroespacial, cofundador da Planetary Society. Ele participou de um recente estudo que demonstra como resgatar um asteroide e transportá-lo para a órbita da Lua. Isso aconteceria em 2020.

Foi usado como modelo um objeto com 8 metros de diâmetro, batizado 2008 HU4. Uma nave abastecida pela energia de dois painéis solares alcançaria a rocha quatro anos após ter partido de nossa atmosfera. Depois do contato, a sonda acionaria quatro braços infláveis para abrir um saco com 15 metros de diâmetro e embalar o asteroide. O processo duraria 90 dias. Em seguida, começaria o trajeto de volta à órbita lunar, no ponto onde o conteúdo seria explorado. A missão tem custo estimado em 2,6 bilhões de dólares, quase o mesmo investido na missão que levou o jipe Curiosity a Marte, no ano passado.

O professor José Leonardo Ferreira, doutor em ciências espaciais e integrante do Instituto de Física da Universidade de Brasília, é pouco otimista em relação a uma missão desse tipo. "A primeira dificuldade é ter um veículo com propulsão adequada ao alto impulso para atingir o asteroide”, diz Ferreira. "O puxão, ou estilingue gravitacional, nem sempre é possível. Outras dificuldades estão relacionadas à pequena gravidade do objeto, seu formato não arredondado e o giro caótico.”

Desafios como esses permitem deduzir que a importância das agências governamentais deve ainda se manter por um bom tempo, principalmente quando o alvo são planetas e órbitas distantes. Já as atividades próximas da Terra serão dominadas pelo setor privado. "A Nasa tem sido ativa ao encorajar o florescente setor privado espacial”, diz Jessica Ballard, da Virgin Galactic. Bem-vindo à economia do espaço.

Fonte: http://www.info.abril.com.br
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